quinta-feira, 7 de junho de 2018

Jornal Impresso - Do Mundo para o Brasil


Uma breve linha do tempo sobre a evolução do veículo de comunicação que unificou tradição oral e escrita



Máquina Rotativa de Jornais

Da idade da Pedra ao fim da Idade Média

35.000 a.C

O primórdio de todo veículo de comunicação que envolva escrita e oralidade começa na Idade da Pedra.  As Pinturas Rupestres não são mera forma de arte "primitiva", mas representam a verdadeira apreensão e entendimento do cotidiano dos povos que viviam naquele contexto.



Representação rupestre de animais 
em Lascaux, França    



 Os símbolos e ilustrações enriqueciam as narrativas das reuniões periódicas em grupo e serviam como forma de entretenimento e aprendizado para crianças e jovens sobre atividades como caça e coleta.


Detalhe do Cotidiano dos Nativos - Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí


        4.000 a.C
Até onde se sabe, os sumérios foram os primeiros a desenvolver uma escrita fonética e registrá-la em barro. Com a ajuda de um pedaço pontudo de madeira em forma de prisma, denominado cunha, eram criados símbolos em tabuletas e vasos de argila. 



Exemplo de escrita cuneiforme







Esse tipo de escrita foi batizado pelos estudiosos de escrita cuneiforme e inspirou os primeiros registros de outras grandes civilizações, como os hieróglifos egípcios


Hieróglifos Egípcios

        2.500 a.C

O Papiro é considerado o precursor do papel. Os egípcios desenvolveram o papiro a partir da planta Cyperus papyrus. Da parte interna de seu caule branco e esponjoso, os egípcios cortavam finas tiras e formavam filetes que posteriormente passariam por um processo para perder seu açúcar, e, depois de secas, colocavam-se sobrepostas e cruzadas para depois serem prensadas. 




Filetes de papiro rústico e papiro

Durante séculos, o papiro representou  o material suporte à escrita mais prático, porém ainda não era tão acessível e precisava ser bem armazenado.


Ilustrações egípcias em papiro


131-59 a.C

Foi no Império Romano que se tem notícia da primeira prática jornalística periódica com o Acta Diurna, 131 a.C. Essa publicação não utilizava um material de escrita tão inovador, já que as mensagens eram gravadas em tábuas de pedra ou de bronze. No entanto, haviam Correspondentes Imperiais, que eram pessoas designadas para levarem os blocos e mensagens a serem esculpidas e fixada em praça pública. O conteúdo das mensagens possuía uma finalidade coletiva bem inovadora já que eram expostos informativos militares, obituários, crônicas esportivas, homenagens e outros assuntos mais populares como casamentos de nobres ou festivais. Isto sem dúvida, era bem parecido com a função básica da imprensa contemporânea.

A mesa de bronze com dois decretos de Cneu Pompeu Estrabão; o primeiro dos quais proporciona cidadania romana a vários cavaleiros ibéricos

Em 59 a.C, o Imperador Júlio César criou um ramo de notificações conhecidos como Actas do Senado, que resumia as sessões da Augusta Assembleia, iniciando o que viria a ser a vertente política da imprensa.
Descrição de Júlio César, no museu do Louvre. Escultor: Nicolas Coustou (1658–1733)59 a.C - Roma


105-123 d.C - China

Apesar da invenção pelos Egípcios, o papiro ainda apresentava muitas desvantagens como sua fragilidade e fácil decomposição em contato com a umidade. A Invenção do papel moderno, mais resistente que o papiro, surgiu na China com o Ministro da Agricultura Ts'ai (Cai) Lun. 


Representação artística de Ts'ai Lun, via Zardz Trading Cards


A folha de papel seria fabricada a partir da casca de Amoeira (Broussonetia papyrifera) e fibra de bambu por um processo químico artesanal que hoje conhecemos como kraft.


Processo de Fabricação do Papel Primitivo - Antiga China


200 d.C



         O Dibao eram publicações periódicas entregues pelos oficiais do Império Chinês. Há controvérsias quanto a data de seu surgimento, que varia na faixa de tempo da dinastia Han (202 a.C - 220 d.C) e por isso ele pode ser tão antigo ou mais do que o Acta Diurna romano. Se isto fosse confirmado, seria dele o prestígio da primeira prática jornalística e de notícias em papel do mundo.

Representação ilustrativa do Dibao



220 d.C



             A impressão por blocos de madeira surgiu na China no final da dinastia Han e se popularizou amplamente pelo Leste asiático durante a dinastia Tang (618-906 d.C). Seu princípio de uso era muito semelhante ao método dos carimbos atuais.

Detalhe da precisão dos entalhes formando os símbolos


 O relevo dos símbolos e desenhos nas peças eram esculpidos por entalhe. Sobre tal relevo se aplicava a tinta, e os blocos de madeira, bem portáteis, eram pressionados com cuidado ao material. Nesta época, era muito comum, além do papel, a impressão em tecidos. 

As peças móveis de madeira na China podiam ter diversos tamanhos e
geralmente serviam para ilustrar tecidos








     1450 d.C     


         A Máquina de Johannes Gutenberg possuía como inovação os Tipos Móveis Metálicos e não mais em madeira, como os dos chineses, o que conferia grande durabilidade. 


Representação artística de Johannes Gutenberg,
pai da tipografia




Contava também com um sistema de prensa em parafuso e, como base de impressão, a matriz tipográfica. Tudo isto possibilitou grande agilidade no processo de cópias, inclusive dando início a popularização da Bíblia que começou a ser compilada em 1450. 


Replica da máquina Prensa, em exposição Ecomuseu Municipal do Seixal



Do Início da Idade Moderna até o Brasil Contemporâneo


1536 d.C



           Desde a idade média já se distribuíam os Anúncios (Avvisi), uma espécie de boletim escrito à mão contendo ofertas de compra e venda, preços de mercadorias, datas de feiras e similares.

       Distribuído pele República da Veneza, também haviam os Fogli Avvisi (folhas de Aviso) ou ainda “Notizie Scritte” (Notícias Escritas), que continham as notícias oficiais e eram vendidos por duas gazetas, nome popular da moeda local.

Representação das moedas Gazeta


        1605 d. C



        O Relation (aller Fürnemmen und gedenckwürdigen Historien), foi o primeiro jornal europeu pois seguia justamente os critérios funcionais da publicidade, seriedade, periodicidade, realidade e também por uma série de assuntos atuais, publicados regularmente, e em intervalos curtos para se manter atualizado sobre as notícias ocorridas. O responsável por sua criação foi Johann Carolus.

Exemplar de 1609 do Relation aller Fürnemmen und gedenckwürdigen Historien



        1714 d. C

          A invenção de um primitivo dispositivo de escrever mecanicamente é atribuída a Henri Mill em 1714, no entanto o italiano Pellegrino Turri introduziu, em 1808, o sistema de Teclado. E, posteriormente o mecânico norte americano Carlos Thuber criou um modelo aperfeiçoado, com maior rapidez de escrita (1843). Outros nomes como os do norte-americano Burth, o inglês Jenkins, e o francês Pogrin, colaboraram para o aperfeiçoamento da máquina e a partir de 1880, as máquinas de escrever passaram a ser adotadas pelo mercado corporativo, em busca da legitimação dos documentos comerciais que eram produzidos em todas as transações.

Wagner Typewriter Co., New Jersey
1896 



         1808 d.C

A imprensa no Brasil nasce oficialmente no Rio de Janeiro em 13 de maio de 1808, com a criação da Impressão Régia, hoje Imprensa Nacional, pelo príncipe-regente Dom João




O Correio Braziliense de Hipólito José da Costa, apesar de ser escrito em Londres é considerado o primeiro jornal do país. 






Ainda em 1808, o Gazeta do Rio de Janeiro, foi o primeiro jornal a ser publicado e distribuído nas terras tupiniquins.




1880 d.C

Começa a se disseminar a fotografia na imprensa a partir de 1880. Um dos trabalhos fundadores do fotojornalismo foi o de Jacob Riis  , que em 1880 fotografou as duras condições de vida dos imigrantes em Nova York

Jacob Riis

Riis utilizou uma das novidades tecnológicas de sua época para fotografar à noite, os flashes de magnésio. Embora suas imagens tenham sido publicadas como gravuras, elas foram capazes de causar um forte impacto sobre a opinião pública.

Foto tirada por Jacob Riis, que se popularizou em gravuras de livros e jornais da época




1920 d.C

O jornal passa por uma leve queda com a propagação do rádio. Mas isso leva as editorias a criarem novos formatos e conteúdo, visando tornar o veículo mais atraente.

Atwater Kent foi uma das mais importantes fabricantes
de rádios nos EUA. Sua cede era na Filadélfia

A revista Popular Science em 1939 fez uma previsão cômica sobre rádios imprimirem jornais. 



1930 d.C

Na Inglaterra começa a popularização da televisão. A mídia impressa logo sofre outros ajustes para se adaptar ao mercado. A partir desse período, se torna comum o fenômeno da convergência de mídia analógicas.




New York Times: 14 de janeiro de 1928:

"A televisão de rádio para receptores domésticos é mostrada em testes: imagens e vozes claramente vistas e ouvidas em três residências de Schenectady"
"Para o público em cinco anos"
"... a primeira prova absoluta da possibilidade de conectar casas em todo o mundo pela visão como eles já foram conectados pela voz ".
"alguns engenheiros prevêem que [as televisões] podem estar na maioria das casas que agora possuem alto-falantes".





      1973 d.C


          A chegada dos computadores marca o fim dos processos manuais e otimiza todas as formas de mídia, inclusive o impresso.



Anúncio mostrando que empresas no Brasil começam se informatizar juntamente com um público
pequeno no final dos anos 80.

Matéria do "Jornal Hoje" em 1981 sobre a "invasão" dos computadores no Brasil, mostrando suas facilidades e benefícios.



      1964-1985 d.C


           A censura promovida pelo Regime Militar marcou a perda de autonomia dos veículos de mídia impressa no país. A fiscalização estatal sobre os conteúdos de propaganda e notícia nada ajudaram ao combate contra ideologias coletivistas hostis à liberdade de mercado no período, que era o que supostamente se propunham a fazer os militares. Pelo contrário, os abusos e as práticas insensatas que se mostraram autoritárias, intensificaram as críticas ao regime, que passou a ser visto como uma Ditadura. Com o decorrer do tempo e a demora da entrega do poder dos Militares à democracia, prometida ainda nos primeiros anos de gestão, as críticas se intensificaram. Ao longo das décadas surgiam narrativas, relativizando os atentados terroristas e as Guerrilhas Armadas, cujos protagonistas passaram a ser vistos como heróis. O resultado foi a unipolarização do imaginário político dentro da imprensa e da academia universitária por anos, justamente pelas ideias que o regime militar inicialmente se propôs a combater. “O tiro saiu pela culatra”.







Nenhum comentário:

Postar um comentário